
PROJETO DE ENSINO - CLUBE DE LEITURA CAFÉ COM LETRAS - 53_2025
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TEXTO 1
Encontros com a nova literatura brasileira contemporânea: Jana Bianchi
Recriações da cultura brasileira, atuação em várias plataformas e ousadia literária, tradutória e tecnológica é o que perpassa a carreira de Jana Bianchi
Publicado em 11/01/2024, por Enéias Tavares
[...] Ex-engenheira de alimentos com experiência de seis anos na área, Jana decidiu, em 2017, tirar um ano sabático e começar a estudar tradução, num salto de fé – e coragem profissional – que resultou numa mudança completa de carreira. Segundo ela, a carreira anterior lhe permitia muita diversão e viagens, incluindo um intercâmbio na Dinamarca, mas é com a literatura que ela pode fazer o que realmente gosta.
Em português, além da novela Lobo de rua (Dame Blanche, 2016) – na qual Jana reinventa o mito do lobisomem com uma pitada mais que bem-vinda de crítica social –, publicou contos em revistas e coletâneas como Aqui quem fala é da Terra (Plutão Livros, 2018), Suprassuma (Suma/Companhia das Letras), Trasgo, Somnium e Dragão Brasil (Jambô). No campo editorial independente, em 2017 Jana fundou a revista Mafagafo – com seus braços Faísca (newsletter de ficção relâmpago) e Pio (perfil no Twitter para a publicação de microcontos). Ela também foi uma das criadoras do podcast Curta ficção, focado em escrita e mercado literário, no qual atuou como cohostess de 2016 a 2021. Pensando em eventos, Jana fez parte da equipe que organizou os festivais literários Relampeio e FutureCon ao longo de 2020 e 2021, junto com uma equipe de pessoas de vários países. [...]
Nossa modernidade demanda novos caminhos de consumo e produção, novas linguagens de diálogo e imaginação, além de novos horizontes de criatividade e impacto na sociedade. Em todos esses elementos, Jana Bianchi tem demonstrado que os tempos são de experimentação, visão e imaginação, uma perspectiva que ela não cansa de levar para a sua carreira como editora, divulgadora, tradutora e escritora.
Adaptado de <https://www.itaucultural.org.br/secoes/colunistas/encontros-com-a-nova-literatura-brasileira-contemporanea-jana-bianchi>. Acesso em 25 jun. 2024
TEXTO 2
“Bertoleza é que continuava na cepa torta, sempre a mesma crioula suja, sempre atrapalhada de serviço, sem domingo nem dia santo: essa, em nada, em nada absolutamente, participava das novas regalias do amigo: pelo contrário, à medida que ele galgava posição social, a desgraçada fazia-se mais e mais escrava e rasteira. João Romão subia e ela ficava cá embaixo, abandonada como uma cavalgadura de que já não precisamos para continuar a viagem.”
(O Cortiço, Aluísio Azevedo)
TEXTO 3
“A Esméria parou na frente dele e me chamou, disse para eu fechar os olhos e imaginar como eu era, com o que me parecia, e depois podia abrir os olhos e o espelho me diria se o que eu tinha imaginado era verdade ou mentira. Eu sabia que tinha a pele escura e o cabelo duro e escuro, mas me imaginava parecida com a sinhazinha. Quando abri os olhos, não percebi de imediato que eram a minha imagem e a da Esméria paradas na nossa frente. Eu já tinha me visto nas águas de rios e de lagos, mas nunca com tanta nitidez.”
(Um Defeito de Cor, Ana Maria Gonçalves)
Após a leitura dos textos, relacione-os com a proposta do que seria o cânone literário e com as inclusões e exclusões promovidas por essa instituição ideologicamente seletiva, bem como as ressignificações propostas pela literatura contemporânea.
I. As manifestações literárias contemporâneas acompanham o desenvolvimento das sociedades e dos diferentes modos de viver e, especialmente com a tecnologia, apresentam formas variadas de produção e de consumo de literatura, como os escritos de Jana Bianchi.
II. A literatura canônica está inserida em formas culturais mistas que transcendem as representações tradicionais e naturalizadas de povos, comunidades e culturas.
III. Ana Maria Gonçalves ressignifica representações e valores culturais quando apresenta sua personagem no processo de reconhecimento de seus traços negros, distanciando-se de um imaginário ideal previamente criado.
IV. Em O Cortiço, a representação do negro fragilizado de poder e escravizado é característica de um imaginário ideologicamente construído a respeito do povo negro e o que se entendia como seu lugar na sociedade, estereótipo reforçado pelo cânone literário.
É correto apenas o que se afirma em
